quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Quase aos trinta e cinco.

Balanços de final de ano são sempre perigosos para mim. Não gosto do Natal, da noite de Natal em sí. As duas recordaçãoes mais fortes desta data que tenho são punhaladas nas costas, uma aos seis anos de idade e outra aos trinta.
Perigosos porque fico sempre emotiva demais, suscetível demais. E não é pelo lado religioso da festa, não sou exatamente um exemplo de católica. Talvez seja pela sensação do fechar de um ciclo, a necessidade de que o balanço se apresente positivo e as perdas não sejam tão grandes.
Na verdade, este ano, não foram.
Foi um ano que me atropelou, passou rápido demais. Tive pouco tempo ou disposição para escrever. Talvez tenha dedicado mais tempo ao corpo físico que ao intelectual ou espiritual, mas precisava disso. Introduzi na minha vida o hábito de correr, que me traz como grande benefício o fato de que minha cabeça fica absolutamente vazia enquanto corro, é só música e paisagem. Eu devo ser uma das únicas pessoas no mundo que correm ouvindo Nina Simone, Sinner Man nas alturas.
Além disso, os benefícios para o corpo são evidentes. Nunca tive problemas de auto-estima, pelo contrário, sempre fui bem metida e me achei a última bolacha do pacote. Verdade.
Mas hoje, beirando os trinta e cinco anos, com muito orgulho, me vejo melhor do que há dez anos atrás.
Dez anos atrás... Em 2013 faço dez anos de formada, trinta e cinco anos e vou para o meu segundo casamento, com um homem muito diferente do primeiro. Não sou de repetir padrões.
Estou feliz, bem feliz, embora algumas coisas ainda me deixem triste.
Descobri esse ano que é praticamente impossível fazer novas amizades a partir dos trinta. Eu que nunca fui muito de colecionar, nem papel de carta* e nem amigos, tenho que me contentar com os que já tenho, salvo uma rara e honrosa exceção, minha amiga Denise, que veio depois dos trinta e ficou.
Descobri também que não existe isso de que os opostos se atraem. O amor se constrói de afinidades, de objetivos em comum. Descobre-se que se ama alguém quando, olhando para ele, nos vemos, como somos ou como queremos ser. Não existe isso de um completar o outro também, isso não é amor, é muleta para a vida e eu sou das que sabem se manter de pé sozinhas. Amor são duas pessoas caminhando juntas num mesmo caminho, as duas com suas individualidades, mas parecidas o suficiente para seguir lado a lado, sem grandes desvios.
Na amizade não é assim. Os amigos são pessoas que, mesmo muito diferentes e seguindo por caminhos absolutamente díspares, decidem, por vontade, estar lado a lado em alguns momentos. Não importa em que parte do caminho deles eles estejam, eles cruzarão com o seu se você precisar. Ou mesmo se não precisar, só para gozar um pouquinho do seu caminho e ter o prazer de estar com você.
Descobri também, e já desconfiava, que minha família é bem menor do que eu gostaria, mas é suficiente. Não preciso de adereços.
Falta ainda meu filho, meu tão desejado filho. E ele virá, é minha promessa de ano novo. Talvez ele até já esteja por aí, me esperando, em algum lugar. tenho amor para ele e para um mundo todo.
Perigoso sempre escrever nessa época do ano. Hoje pela manhã, indo para o trabalho, vi um passarinho ser atropelado, chorei durante uns vinte minutos. Estou sensível demais para escrever, e queria mesmo, mil abracinhos, do meu amor, dos meus poucos amigos e da minha pequena família. Sem punhaladas esse ano, Papai Noel.
 
*essa do papel de carta só quem tem mais de trinta vai entender.
 

2 comentários:

  1. Karen,

    sobre fazer amizade depois dos trinta, é possível. Fiz várias e algumas agora com quarenta - rs

    ;)

    Bj

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sorte sua Buenas :) Talvez o problema seja eu rs Sou um pouco difícil :)
      Beijos e Feliz Natal! :)

      Excluir